Tomé-Açu ajuda o Pará a ter a maior produtividade de cacau do mundo
- Folha Notícias
- há 1 dia
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Destaque para o cultivo em sistema agroflorestal

O Pará segue na liderança de referência mundial na produção de cacau cultivado em sistema agroflorestal (SAF). O Estado não apenas se consolida como o maior produtor do Brasil, como também ostenta a maior média de produtividade por hectare do mundo, segundo dados do relatório anual de previsão de safra elaborado em parceria entre a Ceplac e a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário (Sedap). O documento completo pode ser ado no site da secretaria.

Atualmente, a produtividade paraense alcança 847 kg por hectare, superando tanto a média nacional, de 483 kg/ha, quanto a do continente africano, maior produtor global, com média de 500 kg/ha. No município de Medicilândia, no sudoeste do Estado, esse número é ainda mais impressionante: 1.190 kg/ha, tornando o município o maior produtor de amêndoas de cacau do país.
Localizado na Região de Integração do Xingu, Medicilândia é reconhecido pelo solo fértil — a chamada "terra roxa" — e pelo cultivo que margeia a Transamazônica, eixo geográfico da maior produção de cacau em solo paraense.
Para efeito de comparação, a Bahia, que até 2016 liderava a produção nacional, utiliza 425 mil hectares para cultivar cacau. O Pará, com 169.655 hectares plantados, atinge resultados muito superiores em produtividade. Ou seja, somos melhores que os baianos, nesse quesito.
Tomé-Açu
Um exemplo de valorização do cacau que vem do sistema agroflorestal é do produtor Francisco Sakaguchi, que há 50 anos cultiva cacau em Tomé-Açu. O fruto é oriundo do sistema próprio criado no município conhecido como “Safta” (Sistema Florestal de Tomé-Açu). O agricultor relembra que o trabalho é resultado da herança deixada pelo pai, Noboru Sakaguchi, que no início da imigração japonesa apostou no cacau.
Francisco lembra que o cacau fez parte do conjunto de projetos da imigração japonesa. Visto com resistência no início, por conta dos agricultores não terem conhecimento das tecnologias voltadas ao cacau, a cultura acabou proliferando mesmo a partir da década de 70, após a dizimação das plantações de pimenta do reino por conta da fusariose.
“Meu pai acreditou e graças ao cacau pagou todas as dívidas dele e a gente conseguiu dar a volta por cima; a gente vive e sobrevive do cacau. Foi uma herança deixada por ele”, relembra Sakaguchi.
Apoio do Governo Estadual
O Governo do Pará, por meio de suas agências especializadas, vem adotando uma série de iniciativas para impulsionar o setor agropecuário, com ênfase na valorização da cacauicultura. Entre as principais frentes estão vigilâncias em propriedades rurais, campanhas de educação sanitária, fiscalização do trânsito agropecuário e ações sistemáticas de prevenção e controle de pragas e doenças, conduzidas pela Adepará.
Além disso, o Estado atua ativamente em projetos voltados à internacionalização das amêndoas de cacau paraense, assim como no mapeamento e monitoramento das áreas agricultáveis, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), que utiliza tecnologias de sensoriamento remoto com imagens de alta resolução.
A Sedap também reforça seu apoio à cadeia produtiva por meio do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura no Pará (Procacau), com o ree de recursos a instituições que oferecem assistência técnica, produção de sementes híbridas e e direto aos agricultores. A estratégia fortalece a base produtiva e assegura a sustentabilidade e competitividade do cacau paraense no mercado global.
Em 2025, a Adepará lançou o projeto "Proteção e fortalecimento da cacauicultura paraense, prevenção e combate à Monilíase nas divisas do Estado", aprovado pelo Conselho Gestor do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Estado do Pará (Funcacau). A iniciativa prevê capacitações e medidas preventivas contra a monilíase, uma das mais severas ameaças à produção de cacau.
Fonte: Agência Pará